Alimentando as plantas através da química e biologia

Após o desenvolvimento de tratores e equipamentos, e do melhoramento de plantas, produtores rurais começam a prestar mais atenção na nutrição de plantas; isso porque, com o aumento das áreas de cultivo e melhorias genéticas, a fertilidade do solo passa a ser a preocupação. Tanto a produção mais intensiva na mesma área, com safras seguidas causando exaustão de nutrientes do solo, como a produção em novas áreas com baixos níveis de fertilidade, tornam-se um fator limitante para o contínuo aumento da produção de alimentos.

A solução para suprir as necessidades de solos famintos veio da Química e da Fisiologia de plantas, com o entendimento de como as plantas se alimentam e, assim, de como criar e disponibilizar alimentos para elas. Aprendeu-se que as plantas se nutrem de moléculas químicas, principalmente pelas raízes. Entre estas moléculas, estão as fontes de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), principalmente, os quais são fornecidos às plantas através de fertilizantes químicos como sulfato (N), superfosfato simples (P) e cloreto de potássio (K).

O trio NPK mais o enxofre (S), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) são conhecidos como macronutrientes. Além destes, existe um segundo grupo chamado de micronutrientes, os quais incluem o boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn) e molibdênio (Mo), que são tão indispensáveis ao desenvolvimento das plantas quanto os macronutrientes, mas as plantas os exigem em pequenas quantidades.

Aumento de produtividade

Por seu impacto tão grande no aumento da produtividade, em muitos casos multiplicando a produção de uma mesma área por 2, 3 ou mais vezes, os fertilizantes têm sido utilizados cada vez mais na agricultura. Somente no Brasil, seu consumo aumentou três vezes em apenas 16 anos, de 1988 a 2004. A soja, o milho e a cana-de-açúcar são as culturas que mais consomem estes fertilizantes, mas eles são utilizados amplamente nas culturas do café, arroz, feijão, trigo e reflorestamento.

O nitrogênio é o fertilizante mais consumido no mundo, porém, o Brasil é responsável por apenas 2,5% do consumo mundial. O fósforo vem em segundo lugar no mundo, mas o Brasil é um dos principais consumidores, sendo responsável por 8,5% de sua utilização, em 2008. Chama a atenção a baixa eficiência para os dois nutrientes. No caso do nitrogênio, 60% do total aplicado nos solos brasileiros são absorvidos pelas plantas. Já em relação ao fósforo, sua eficiência é ainda menor, em torno de 30%. Oportunidades para melhorar a eficiência do uso destes fertilizantes estão aguardando para serem exploradas por empreendedores, agricultores, startups e empresas.

Além da adição de fertilizantes, o agricultor brasileiro também precisa corrigir o solo antes de plantar. Correção de solos é o processo de diminuição de sua acidez por aplicação e incorporação de calcário. Os solos brasileiros estão entre os mais ácidos do mundo, com um nível de alumínio que chega a ser tóxico para a maioria das plantas. Assim, sem a correção do solo com aumento do pH, a agricultura, principalmente nos cerrados, seria impossível. Os cerrados possuem os solos mais deficientes em macro e micronutrientes do Brasil, perdendo inclusive para os solos da região amazônica em fertilidade natural.

Assim, a manutenção da produção agrícola brasileira sempre estará baseada em uma linha muito tênue entre os altos investimentos em fertilizantes e conservação da estrutura do solo e a ameaça de que a falta destes nutrientes no mercado e/ou a perda do solo podem tornar o país um importador de alimentos novamente. Neste sentido, mais esforços e uma maior preocupação deveriam ser dados à conservação da estrutura e à fertilidade dos solos brasileiros, pois o país, como um todo, depende muito deles.

Fontes de informações do artigo

Assad, E.D., Martins, S.C., Pinto, H.S., 2012. Coleção de estudos sobre diretrizes para uma economia verde no Brasil. Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável.

Luz, M.J.S., Ferreira, G.B., Bezerra, J.R.C. 2002. Adubação e Correção do Solo: Procedimentos a Serem Adotados em Função dos Resultados da Análise do Solo. Circular Técnica 63. Embrapa.

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